Quando compra um novo domínio ou altera os seus nameservers, duas coisas têm de acontecer antes de o endereço chegar aos navegadores reais: publicação (o domínio é adicionado aos ficheiros de zona DNS globais) e propagação (todos os resolvedores do mundo recebem a nova informação). Embora os passos sejam largamente automáticos, a velocidade varia consoante o domínio de topo (TLD). Extensões globais como .com ou .net actualizam rapidamente, enquanto domínios de código de país como .pt, .com.br, .es ou .co.uk podem demorar algumas horas extra. A seguir encontra uma explicação clara, de ponta a ponta, para saber o que esperar e como minimizar tempos de inactividade.
1. Do Pedido à Publicação
- Encomenda junto do registrar
Introduz dados de contacto, escolhe nameservers e efectua o pagamento. - O registrar comunica com o registry
Cada TLD tem um registry principal—Verisign para .com, NIC.br para .com.br, DNS.pt para .pt, etc. Usando EPP (Extensible Provisioning Protocol), o registrar envia os detalhes do domínio para a base de dados do registry. - O registry adiciona o domínio ao ficheiro de zona
Um ficheiro de zona é um mapa de texto que lista todos os domínios desse TLD e os respectivos nameservers. Os registries publicam uma zona nova em intervalos fixos—alguns a cada cinco minutos, outros apenas algumas vezes por dia. - Os servidores root recebem uma cópia
Nos bastidores, o registry carrega um resumo assinado para os root name servers geridos pela ICANN e por operadores globais. Depois de aceite, qualquer resolvedor consegue descobrir os nameservers autoritativos do domínio.
Toda esta cadeia pode terminar em minutos para gTLDs (.com, .org, .info), mas pode estender‑se por horas em registries nacionais mais restritivos ou pequenos.
2. Propagação: a Notícia a Correr o Mundo
A publicação apenas diz aos servidores root onde vive o domínio; a propagação é a onda que se segue. Quando os utilizadores escrevem o endereço, o dispositivo consulta um resolvedor recursivo (normalmente do ISP). Esse resolvedor:
- Verifica a cache—se o domínio já estiver guardado e não expirado, devolve o registo em cache.
- Se não existir na cache, consulta o root, depois o TLD e por fim o nameserver autoritativo, armazenando a resposta pelo tempo definido no TTL (Time to Live).
Como há caches em todo o lado—de resolvedores públicos como o Google (8.8.8.8) a appliances DNS empresariais—os novos registos chegam a ritmos diferentes até todas as caches expirarem.
3. Domínios Globais vs. Locais: Por que os Tempos Variam
Tipo de TLD | Ciclo típico de publicação | Passos adicionais comuns |
---|---|---|
Genérico (.com, .net, .org) | 5–15 minutos | Validação automática |
Regional (.eu, .asia) | 15–60 minutos | Verificação de sintaxe e residência |
Código de país (.pt, .com.br, .es, .co.uk, .ca) | 1–8 horas | Revisão manual, prova de residência, auditoria de marcas |
Principais razões para o atraso nos ccTLDs locais:
- Verificações manuais de conformidade
Registries em Portugal, Brasil, Espanha e Reino Unido exigem, muitas vezes, aprovação humana de dados ou documentos antes da primeira publicação. - Actualizações em janelas de batch
Em vez de pushes EPP contínuos, alguns registries executam cron jobs fixos—por exemplo, a DNS.pt exporta a zona oito vezes por dia. Se perder o último batch, espera pelo próximo. - Distribuição de rede regional
Operadores ccTLD podem ter uma pegada anycast menor do que grandes gTLDs, demorando mais a replicar a zona actualizada. - Feriados e horários locais
Um registo feito numa sexta‑feira à noite para .co.uk pode ficar pendente até reabrirem os escritórios no Reino Unido.
4. Expectativas Concretas para ccTLDs Populares
- .pt (Portugal) — Publicado cerca de três em três horas quando os requisitos estão cumpridos. Registos iniciais podem levar até um dia útil se houver documentação pendente.
- .com.br (Brasil) — A NIC.br envia actualizações pelo menos de hora a hora, mas validações de NIF e morada podem atrasar novos domínios 2–6 horas.
- .es (Espanha) — A Red.es verifica números de identificação; conte com 1–4 horas até o domínio aparecer e mais algumas horas para caches expirarem.
- .co.uk (Reino Unido) — A Nominet actualiza a zona autoritativa a cada 30 minutos, mas alguns registrars processam pedidos em vagas de 15 min. Aos fins‑de‑semana, o ritmo abranda para horário. Planeie 2–3 horas no total.
Se apontar estes domínios para novos nameservers mais tarde, a alteração geralmente segue o mesmo cronograma porque depende da próxima exportação de zona.
5. Gerir o TTL para Migrações Mais Suaves
O TTL define quanto tempo os resolvedores podem manter uma resposta em cache. O valor padrão de 3 600 segundos (uma hora) equilibra velocidade e carga global. Antes de uma grande mudança—como mudar de fornecedor de alojamento—reduza o TTL para 300 segundos (cinco minutos) com pelo menos 24 horas de antecedência. Assim, quando trocar os nameservers, as caches antigas expiram rapidamente.
Lembre‑se de voltar a aumentar o TTL depois da estabilização; valores baixos aumentam o volume de consultas aos servidores autoritativos.
6. Solução de Atrasos
- Verifique o WHOIS primeiro — Se o registry ainda mostrar “Pending Create” ou os nameservers antigos, a zona ainda não foi actualizada; aguarde ou contacte o registrar.
- Consulte resolvedores públicos — Use
dig @8.8.8.8 seu‑dominio.com.br
para ver a resposta do Google. Teste também Cloudflare (1.1.1.1) e Quad9 (9.9.9.9). - Esvazie a cache local — No Windows ou macOS, execute
ipconfig /flushdns
oudscacheutil -flushcache
. Navegadores também têm cache própria; janelas privadas ajudam a contorná‑la. - Confirme a acessibilidade dos nameservers — Firewalls a bloquear UDP/53 ou registos NS incorrectos provocam time‑out mesmo após a publicação. Use um verificador DNS externo.
7. Boas Práticas para Minimizar a Propagação
- Centralize o alojamento DNS
Hospede todos os domínios—internacionais e locais—no mesmo fornecedor anycast. A consistência simplifica a monitorização e mantém o desempenho previsível. - Agende mudanças fora das horas de pico
Altere nameservers à noite ou ao fim‑de‑semana, quando o tráfego web é menor e o suporte do registry ainda está disponível. - Utilize subdomínios de staging
Teste a nova infra‑estrutura num subdomínio com TTL de cinco minutos antes de alterar o registo principal. Valide SSL, redirecções e saúde da aplicação sem afectar produção. - Automatize a validação
Configure um script simples ou serviço de monitorização para verificar cada domínio e subdomínio a partir de múltiplas regiões e receber alertas quando a propagação terminar.
8. Em Resumo
Publicação e propagação são duas faces da mesma moeda. gTLDs globais normalmente concluem ambos os passos em menos de uma hora, muitas vezes em poucos minutos. Domínios locais adicionam revisão humana, menos exportações diárias e regras de presença que esticam o prazo para meio dia. Controlando TTL, escolhendo o momento certo e vigiando registos autoritativos, reduz a incerteza e garante uma transição suave—não importa onde o seu domínio se situe no universo DNS.